As grades da jaula quadriculavam em centenas de partes a imagem de uma mulher que me olhava com olhos compenetrantes. Naquele momento, ela não me pareceu um ser humano, mas um animal feroz que estava sendo retirado do convívio social por representar grande perigo aos demais.
Foi inevitável associar aquela cena a dos leões utilizados como atrações circenses. Leões que só saem de suas jaulas na hora do espetáculo para animar o público e acompanhados por seu domador, depois regressando a sua jaula de confinamento onde não oferecem risco algum ao espectador.
Esta associação me provocou alguns devaneios reflexivo; Será que aquela mulher teria alguns instantes de espetáculo, para sair de sua jaula e contemplar por alguns segundos os aplausos do público após sua apresentação? Será que ela teria algum domador... Quem? Que riscos tão descomunais aquela mulher de olhos compenetrantes poderia oferecer ao convívio humano para ser confinada em uma cela.
Parei a contemplar a cena e buscar respostas para minhas inquietações. De repente, corre-corre de pessoas e gritos estrondosos tiram-me a concentração. Aproximei- me da multidão de curiosos e perguntei a um deles o que esta acontecendo. Ele respondeu que um confronto entre policiais e bandidos que assaltavam um banco nas redondezas, provocara morte entre os envolvidos e duas por balas perdidas na rua onde estávamos.
Segui me caminho regressando ao ponto de partida, de onde observava aquela mulher enjaulada. Passo a passo rumo a minha cena de contemplação as respostas iam se formulando. Percebi que aquela mulher talvez por própria escolha se negasse a subir ao palco e fazer seu show e não por falta de talento, mas por receio da multidão de espectadores desconhecidos, talvez perigosos, que eram seu público. Sobre a existência de domador e sua identidade não cheguei a uma conclusão precisa, se existem poderiam ser as próprias condições sociais do meio onde ela vivia, o único fato concreto que tenho é a imagem de suas mãos segurando um par de chaves, ela mesma se havia trancado.
Quanto a necessidade de jaula... Que engano ,meu Deus. Coitada daquela pobre mulher não oferecia perigo algum a ninguém, muito pelo contrário, eram os desenjaulados ,um grupo de leões ferozes ávidos de sangue que podiam atacá-la a qualquer momento, por isso tantas grades. Grades para protege-la de nós e não para nos proteger dela.
Cheguei mais perto para cumprimentar a musa de minha contemplação e que surpresa a minha.
Seu olhar compenetrante na realidade era um olhar de medo e desconfiança por minha presença e o mais chocante ela não era qualquer mulher era minha avó, que fazendo muito tempo sem me ver e na falta dos óculos não me reconhecera, quanto a sua jaula também não era uma jaula qualquer era a minha casa ,o que eu chamava de lar.
Renata Lopes de Oliveira
Foi inevitável associar aquela cena a dos leões utilizados como atrações circenses. Leões que só saem de suas jaulas na hora do espetáculo para animar o público e acompanhados por seu domador, depois regressando a sua jaula de confinamento onde não oferecem risco algum ao espectador.
Esta associação me provocou alguns devaneios reflexivo; Será que aquela mulher teria alguns instantes de espetáculo, para sair de sua jaula e contemplar por alguns segundos os aplausos do público após sua apresentação? Será que ela teria algum domador... Quem? Que riscos tão descomunais aquela mulher de olhos compenetrantes poderia oferecer ao convívio humano para ser confinada em uma cela.
Parei a contemplar a cena e buscar respostas para minhas inquietações. De repente, corre-corre de pessoas e gritos estrondosos tiram-me a concentração. Aproximei- me da multidão de curiosos e perguntei a um deles o que esta acontecendo. Ele respondeu que um confronto entre policiais e bandidos que assaltavam um banco nas redondezas, provocara morte entre os envolvidos e duas por balas perdidas na rua onde estávamos.
Segui me caminho regressando ao ponto de partida, de onde observava aquela mulher enjaulada. Passo a passo rumo a minha cena de contemplação as respostas iam se formulando. Percebi que aquela mulher talvez por própria escolha se negasse a subir ao palco e fazer seu show e não por falta de talento, mas por receio da multidão de espectadores desconhecidos, talvez perigosos, que eram seu público. Sobre a existência de domador e sua identidade não cheguei a uma conclusão precisa, se existem poderiam ser as próprias condições sociais do meio onde ela vivia, o único fato concreto que tenho é a imagem de suas mãos segurando um par de chaves, ela mesma se havia trancado.
Quanto a necessidade de jaula... Que engano ,meu Deus. Coitada daquela pobre mulher não oferecia perigo algum a ninguém, muito pelo contrário, eram os desenjaulados ,um grupo de leões ferozes ávidos de sangue que podiam atacá-la a qualquer momento, por isso tantas grades. Grades para protege-la de nós e não para nos proteger dela.
Cheguei mais perto para cumprimentar a musa de minha contemplação e que surpresa a minha.
Seu olhar compenetrante na realidade era um olhar de medo e desconfiança por minha presença e o mais chocante ela não era qualquer mulher era minha avó, que fazendo muito tempo sem me ver e na falta dos óculos não me reconhecera, quanto a sua jaula também não era uma jaula qualquer era a minha casa ,o que eu chamava de lar.
Renata Lopes de Oliveira
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